Pr. João Soares da Fonseca
Um soldado americano, casado, sem filhos, partiu para a guerra. Ele e a esposa trocaram muitas cartas, até que um dia ele escreveu, dizendo: “Não me escreva mais, pois arranjei aqui uma pessoa, que vai ter um filho meu”. Com dor no coração, a esposa procurou se consolar e não escreveu mais. Anos depois, a esposa recebeu a notícia de que o marido falecera na guerra. Como esposa legítima, teria direito a receber a pensão do militar. Mas essa mulher pensou: “E a jovem estrangeira com seu filho, irão ficar desamparados?” Prontamente ela escreveu à rival: “Venham morar comigo, e dividiremos as despesas”. Aquela que amara muito o seu esposo transferiu todo o amor para o filho dele, mesmo sendo filho de outra mulher.
Se eu perguntasse a você qual o contrário de “lei”, o que você responderia? Provavelmente, caos, confusão, desordem. E você está certo. Uma terra sem lei é uma terra perigosa. Então, a lei é boa. Mas o bom ainda não é o melhor. Se cumpro a lei, não serei punido, mas por outro lado, não serei louvado, elogiado por isso. Apenas cumpri meu dever. Jesus disse certa vez: “Assim deve ser com vocês. Depois de fazerem tudo o que foi mandado, digam: “Somos empregados que não valem nada porque fizemos somente o nosso dever” (Lc 17.10, ntlh). Dever significa legalidade. Falar de dever é falar limitado pela lei, e nada mais do que isso. Para ser elogiado, preciso ir além da lei.
Veja que o amor vai além da lei. Depois que Jesus veio, depois do evangelho, o amor é a lei. Se a igreja quiser recuperar a sua relevância precisará ser um espaço onde o amor seja encontrado. Pois como Castro Alves pôs num poema, “o amor é o mel divino”. E você sabe que onde há mel, há gente, há aglomeração, há paz, há prazer. Rosalee Mills Appleby (1895-1991) escreveu, décadas atrás, que “a igreja sem amor transforma-se em hipocrisia”. Certamente ninguém há de achar relevante um clube constituído de hipócritas.