Pr. João Soares da Fonseca

Áudio Pastoral

Em reportagem de O Globo, de 27-10-2013, li que os moradores de Santa Maria Madalena, no Centro Norte Fluminense, estavam curiosos por saber se o caixão de Dercy Gonçalves estava mesmo de pé, como queria Dercy. Morta em julho de 2008, a humorista pediu para ser enterrada de pé, com o propósito de “continuar sua caminhada após a morte”.

O desejo de Dercy não era dela apenas: todos os seres humanos nutrem a esperança da imortalidade. Ansiamos por realidades que não se transformem em pó num cemitério. Foi o próprio Deus quem instalou tal desejo dentro do nosso coração. O Eclesiastes diz: “Tudo que ele fez é apropriado ao seu tempo. Também colocou a eternidade no coração do homem” (Eclesiastes 3.11a). O salmista o confirmou ao confessar: “A minha carne e o meu coração clamam pelo Deus vivo” (Salmo 84.2). É que a alma já vem programada para captar as ondas que são emitidas desde a Eternidade. É uma virtude de fábrica. Faraó não sabia disso, porque não conhecia o Senhor (Êxodo 5.2). Ele achava que o desejo de adorar a Deus era falta do que fazer (Êxodo 5.8,9,17), ignorando o sentimento religioso, que nasce com a gente.

O desejo de viver depois da morte era real entre os egípcios. Por isso, cuidavam mais da morte do que da vida. Basta lembrar as pirâmides, que nada mais são, na verdade, que túmulos gigantescos. Ao depositar ali o faraó, tomavam-se providências para que nada lhe faltasse na outra vida.
Lembro-me de um funeral coreano a que assisti em 1977, no Paraguai. Antes de fechar o caixão do filho, a mãe inconsolável abriu a mão dele e depositou algumas moedas, na crença de que ele iria precisar delas no Além.

Dos antigos egípcios a Dercy Gonçalves, o desejo é o mesmo: queremos viver para sempre. A novidade que o evangelho introduz é que isso é possível pela mediação de Jesus, que disse: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, mesmo que morra, viverá” (João 11.25). Creia em Jesus, e viva para sempre!

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