Pr. João Soares da Fonseca
Por que Rodrigo Caio fez o que fez? O que aconteceu com o zagueiro do time do São Paulo? “Nos últimos dias, Rodrigo Caio foi o nome das redes sociais por ter admitido ao árbitro que ele próprio pisou no pé do goleiro do seu time, evitando que o atacante Jô, do arquirrival Corinthians, levasse cartão amarelo. O gesto de Rodrigo Caio inflamou ânimos” (istoe.com.br).
Um repórter fez um experimento: reuniu uma dezena de jogadores e quis saber se a atitude do zagueiro era válida ou não. Metade admitiu que agira corretamente. Mas a outra metade discordou.
Será que existe uma ética que possa presidir o comportamento dos jogadores no gramado? Será que essa mesma ética deveria prevalecer nos palácios? Ou será que certo e errado são conceitos ultrapassados? O chamado fair play ou jogo limpo deveria ficar restrito aos limites de uma partida de futebol ou deveria ser adotado universalmente?
Talvez ainda esteja nítido na memória de muitos o que aconteceu na Holanda há alguns anos. Um jogador do Ajax se machucou e ficou no chão. O adversário pôs a bola para lateral, como de hábito. Em seguida, a cobrança do lateral cabia ao Ajax, e, seguindo o figurino do desportivismo, um jogador do Ajax tentou devolver a bola para o campo do adversário. Mas ele o fez de tal modo que, sem querer, acabou fazendo um gol, que o juiz não tinha como invalidar. O desconcerto era visível. Recolocada a bola no centro para o reinício da partida, os jogadores do Ajax decidiram não se mexer, permitindo que o outro time assim empatasse.
Será que para vencer no futebol temos que ser desonestos? Gol de mão, como fez Maradona em 1986, vale? Vale tudo?
A verdade é que uma sociedade cansada de corrupção celebrou o gesto do zagueiro são-paulino, torcendo para que esse espírito de transparência e honestidade não se limite aos gramados, mas se amplie para todas as áreas da vida e se torne a regra, e não a exceção.