Pr. João Soares da Fonseca
O pastor norte-americano William Bell Riley (1861-1947) contava uma história que atesta, para os devidos fins, que os pastores são tão passíveis de queda quanto as ovelhas.
Um pastor estava se arrumando para sair e fazer algumas visitas. Como não encontrava uma das suas abotoaduras, começou a protestar e reclamar com veemência pela casa. Quando finalmente se aprontou e saiu, a esposa ficou em casa chorando.
O pastor visitou um ancião quase paralisado pela artrite. Mas o homem estava calmo e tinha uma expressão alegre no rosto. Visitou um jovem com tuberculose, doença incurável na época. O jovem ia morrer logo, mas estava firme em sua fé em Cristo, com um espírito tranquilo e sem qualquer sentimento de revolta. Visitou ainda um casal jovem cujo filhinho primogênito havia morrido. Consolados, os pais citavam as palavras de Jesus: “Deixai vir a mim as criancinhas”.
O pastor chegou em casa, profundamente impressionado com o poder confortador de Cristo. E comentou com a esposa: “Que coisa maravilhosa é a graça de Deus! Nada é difícil de enfrentar quando se pode contar com ela!”.
E a esposa: “De fato, a graça é mesmo assim. Mas há uma coisa que a graça parece não ter poder para resolver”.
E ele, já esquecido de tudo, perguntou: “O que é? Me diga!”
Ela, ainda triste, respondeu: “Parece que a graça não tem o poder de controlar o temperamento do pastor quando não acha a sua abotoadura” (HUDSON, S. Lofton. The religion of a sound mind. 3a. Imp. Nashville: Broadman Press, 1951, pp 67-68).
Se não refrearmos os nossos impulsos, se dissermos o que nos vier à mente, se dermos expressão plena às nossas iras, criaremos em nosso redor um ambiente de desarmonia e de desentendimento tal, que a convivência tornar-se-á impossível. O domínio próprio, ou autocontrole, é resultado da operação do Espírito Santo na vida do crente (Gálatas 5.22). Oremos e vigiemos! Que o Senhor nos livre do descontrole emocional!