Pr. João Soares da Fonseca
Um soldado voltava faminto da guerra quando chegou a um vilarejo. Seu cavalo tropeçou numa pedra. O soldado caiu, achou bonita aquela pedra, tomou-a e pôs na sacola. Entrou no vilarejo, saudando a todos, mas ninguém era cordial.
― Boa tarde. A senhora tem aí um pouco de comida para um soldado cansado?
― Infelizmente não. A colheita este ano foi escassa!
Um vizinho também se desculpou: ― Choveu pouco este ano. Não posso ajudá-lo!
O soldado então teve uma ideia. Foi para a praça e gritou: ― Tenho uma pedra mágica, e estou aqui para ensiná-los a fazer… sopa de pedra; ela alimenta os famintos e une os desunidos. Querem ver? Alguém aí me traga o maior tacho que puder.
Trouxeram um tacho. ― Agora vamos acender fogo e encher o tacho de água.
O soldado exibiu a pedra à curiosidade das pessoas, e a pôs no tacho. ― Uma boa sopa de pedra precisa ter sal e pimenta. Quem irá à sua casa buscar isso?
Duas crianças trouxeram sal e pimenta.
O soldado provou do caldo: ― Está ficando gostoso, mas ficará melhor se pusermos um pouco de cenoura. – Trouxeram cenoura.
― Pena que a colheita foi fraca, porque uma sopa de pedra fica melhor ainda com pedaços de repolho. – Trouxeram repolho.
― A última vez que fiz sopa de pedra foi num castelo. O dono colocou algumas batatas e um pouco de carne…
Alguns cochicharam: ― Com um pouco de batata e carne, vamos comer como os ricos! ― E trouxeram não só carne e batata, mas também leite, alho e cevada.
Os homens trouxeram mesas, as mulheres pratos e talheres. Alguns trouxeram bebida e pão. Alguém trouxe violinos, e houve festa.
Quando o soldado partia, uma criança gritou: ― Soldado, você está esquecendo a pedra mágica. ― Ele respondeu sorrindo: ― Vou deixá-la de presente para vocês!
Ao vê-lo sumir na poeira, uma menininha comentou com o avô: ― Vovô, se a pedra mágica ficou conosco, nunca mais passaremos fome, não é? ― E o avô: ― Sim, mas não se esqueça de que o soldado disse também que ela uniria as pessoas.