Pr. João Soares da Fonseca

Áudio Pastoral

Aconteceu no domingo, 18 de novembro de 1984. Um grupo de jovens crentes está voltando de São Paulo para Vitória. Viagem longa e cansativa. É preciso parar de vez em quando para esticar as pernas e fazer um lanche. Jaqueira, a 60 km de Vitória, era a última parada prevista. Os jovens descem do ônibus e se espalham pelo pequeno bar à beira da rodovia, a BR-101.
De repente um jovem engasga. Ele não acredita no que está vendo lá no asfalto. Miragem? Os outros jovens também se recusam a crer no que veem. Deixam o lanche ali no balcão e correm para a rodovia.
Cambaleante sob o sol de novembro, um homem carrega uma pesada cruz às costas. Os jovens formam uma barreira à sua frente, como quem tenta impedir os passos do homem, e o constrangem a conversar. Ouvem de Seu Júlio (o nome é verdadeiro) que ele está vindo do santuário do Convento da Penha em Vila Velha, na Grande Vitória. Portanto, ele já andou cerca de 60 km. Destino? Aparecida do Norte (SP). Seu Júlio teria ainda muito chão pela frente.
Inconsoláveis, os jovens se põem a evangelizá-lo. Abrem a Bíblia e lhe mostram a inutilidade de seu gesto. Deixam claro que o que ele está fazendo agora, Jesus já fez 2.000 anos antes. Sucede-se uma bateria de testemunhos. Um jovem após o outro se revezam no desespero de interromper aquela caminhada sem sentido. Finalmente Seu Júlio compreende o que aquela moçada bonita e corada quer lhe dizer. Já ele mesmo suspeitando da inutilidade de sua empreitada, seu Júlio despedaça dramaticamente a sua cruz ali mesmo, à beira da estrada. Ele compreende agora que “o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1João 1.9). E se rende a Cristo como Salvador.
Sem resistir, seu Júlio entra com os jovens no ônibus da salvação. Eles o deixam na Rodoviária de Vitória, onde o agora irmão Júlio tomará um ônibus para Campos (RJ), sua cidade. À semelhança do eunuco etíope, “jubiloso, continuou o seu caminho” (At 8.39).

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