Pr. João Soares da Fonseca

As treze embarcações da frota comandada pelo jovem de 32 anos, Pedro Álvares Cabral, saíram de Lisboa na segunda-feira, 9 de março de 1500, para fazer a histórica viagem que resultaria no descobrimento do Brasil. Eram 13, mas chegaram 12. Uma, “comeu-a o mar”, como se dizia então. Os 1.350 homens levaram 43 dias até avistarem as terras brasileiras, na manhã daquela quarta-feira, 22 de abril de 1500.

Hoje, portanto, o Brasil apaga 518 velas no seu bolo de aniversário. Não podemos permitir que o cinismo nos leve a perguntar: Comemorar o quê?

Talvez não precisemos exagerar, como fez o conde Affonso Celso (1860-1938), que em 1900 publicou o controvertido texto de Porque me ufano do meu país. Político e escritor, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, Celso se extasia com as belezas naturais, as riquezas da terra, a “ausência de calamidades”, o povo bom que aqui se formou, além de enaltecer tópicos da nossa história.

Há, porém, que ser realista na abordagem do assunto. Se o Brasil não é um paraíso, também não é o outro lado do paraíso. Nestes 518 anos, temos conquistas a comemorar e lições a aprender. Agora mesmo, a conjuntura política nos desafia a fazer valer os imperativos da lei. Pois, como escreveu Graça Aranha, outro fundador da Academia, em 1901, em sua obra Canaã, “Um país sem justiça não é um país habitável, é uma aglomeração de bárbaros”.

Quando os marinheiros de Cabral, ainda sem saber exatamente onde estavam, notaram que no mar boiavam algas (a que chamavam “botelho”) e que as embarcações eram visitadas por pássaros (chamados de “fura-buxos”), deduziram, com razão, que estavam perto de alguma ilha, e que logo ouviriam o esperado grito de “Terra à vista”. Os episódios da Operação Lava-Jato são como algas e aves a anunciar-nos que em breve descobriremos uma terra onde a Justiça se aplique a todos, eleitores e eleitos! É bom continuar orando: “Salve Deus a minha terra!”

 

 

 

 

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