Pr. João Soares da Fonseca
A historiografia não deixa dúvida: desde sempre, o homem deu fartas evidências de que carrega dentro de si a maldita inclinação de escravizar o seu igual, tornando-o seu rival. Na Mesopotâmia, na Índia, na China, no antigo Egito, entre os hebreus, gregos, romanos, bárbaros… todo o mundo tinha escravos. Até mesmo no Brasil, séculos antes do desembarque de Cabral, os indígenas já transformavam seus prisioneiros de guerra em escravos. E depois de Cabral, convivemos com a escravidão por 400 anos. Sem falar que muitos negros alforriados também compravam e vendiam escravos. Mesmo na Bíblia, vemos que os irmãos de José fizeram com ele o que todo mundo achava normal: vender gente (Gn 37). A prática vigorou sem contestação até que surgiu William Wilberforce (1759–1833).
Jovem inglês, Wilberforce conheceu a Cristo e a Ele se rendeu quando contava 26 anos. Eleito para o parlamento inglês, durante toda a sua atividade política, de quase três décadas, liderou uma campanha no parlamento contra o tráfico negreiro. Tanto lutou, tanto denunciou, que em 25 de março de 1807, a Inglaterra aprovou a Lei, chamada Ato contra o Comércio de Escravos, que aboliu esse criminoso comércio no Império Britânico. Em 1833, os ingleses puseram fim definitivo à escravatura. Depois disso, passaram a pressionar as outras nações a fazerem o mesmo.
É evidente que o confronto com os ricos proprietários de escravos renderia muitas ameaças de morte, mas Wilberforce, leitor da Bíblia, jamais se acovardou. E quem ganhou com isso? A Inglaterra primeiro, e toda a humanidade, depois.
Wilberforce é, para mim, o modelo do político evangélico. Leu a Bíblia, leu a realidade à sua volta, e decidiu fazer diferença. Sua cruzada atravessou o oceano e influenciou os abolicionistas brasileiros, até que a 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel fez o sonho da liberdade se materializar!
A propósito, onde estão os Wilberforces do século 21?