Pr. João Soares da Fonseca

Um homem estava desempregado. Um dia, aceitou trabalhar num circo, fazendo o papel de gorila. Era um trabalho provisório, debaixo de um “uniforme” pesado, que era uma fantasia de king-kong. Tudo que teria que fazer era apenas gestos, trejeitos, virar cambalhotas, tudo que faz um gorila de verdade. A plateia iria rir bastante, e ele, em troca, ganharia um dinheirinho.

Treinou bastante, fazendo acrobacia, saltando inclusive por cima da jaula do leão. No ensaio, tudo saiu muito bem. Vai ser um sucesso, pensou.

Chegou a hora do show, e o circo estava lotado. Luzes, assobios, aplausos e nosso amigo, gorila de mentira, entrou em cena. Tal como nos ensaios, rodopiou no ar pra lá e pra cá com uma rara desenvoltura. A certa altura, porém, cometeu um pequeno erro de cálculo ao saltar por sobre a jaula do leão e… caiu lá dentro. Cara a cara com o rei dos animais, começou a gritar histérico e desesperado:

― Socorro, socorro!!!

A multidão ficou de pé e fez completo silêncio. O que parecia uma brincadeira para distrair crianças agora prometia lances típicos de uma tragédia.

O leão veio se aproximando de mansinho…

― Socorro, socorro!!! ― gritava o gorila desesperado, já se preparando para enfrentar a morte. O leão veio chegando, chegando, e cochichou enérgico para o gorila:

― Cala essa boca, seu bobalhão, senão nós dois vamos perder o emprego.

Já dizia Abraão Lincoln (1809-1865): “Você pode enganar algumas pessoas o tempo todo ou todas as pessoas durante algum tempo, mas você não pode enganar todas as pessoas o tempo todo.” É impossível fingir ad infinitum. Não dá para se exibir do lado de fora o que não se é do lado de dentro. Mais dia, menos dia, chegará a hora do confronto com o leão.

A pergunta mais desconcertante que Jesus dirigiu aos falsos discípulos foi: “E por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu vos digo?” (Lucas 6.46). Declaração de fé sem demonstração de vida é fantasia pura.

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