Pr. João Soares da Fonseca

Era uma festa de aniversário de criança, realizada no salão de festas do condomínio. Mesmo sendo festa de criança, o cheiro forte do álcool sentia-se de longe. Nuvens de fumaça de cigarro tornavam o ar irrespirável. As pessoas literalmente gritavam umas às outras, já que o som ensurdecedor proibia a conversa decente e educada.

De repente, alguém abaixa o volume do som e grita pedindo silêncio. Um bêbado rosna desorientado: “O que aconteceu?” É que o pastor de um parente distante da criança está presente e foi convidado a falar. Sem nenhuma atmosfera de culto, sem nenhum sentimento de adoração ou mesmo sem nenhuma atitude de reverência, o pastor lê um versículo e tece breve comentário. Era visível o deboche dos bêbados ou semibêbados.

Jesus estava certo: Porcos detestam pérolas. A chocante figura que o Mestre usou está no sermão do Monte: “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas…” (Mateus 7.6). Cães e porcos são os dois representantes do mundo animal citados por Jesus. Os dois são objeto de desprezo por parte dos orientais, em geral, e dos judeus, em particular. O uso da palavra “cão”, por exemplo, como algo desprezível é evidente quando os judeus consideram cães os gentios, ou seja, os que não são judeus. Segundo John Broadus, é assim que os muçulmanos consideram os cristãos.

Lançar pérolas aos porcos é a maior das tolices. Seria tentar o casamento de dois extremos que não se conciliam: a pérola, por ser exemplo de refinamento, e a porca, paradigma da imundície. No rico tesouro da literatura judaica, pérola é sinônimo de um bom pensamento, de uma ideia excelente. Sem dúvida, as verdades do Evangelho são preciosas como as pérolas. Foi Jesus mesmo quem elaborou uma parábola associando o reino de Deus a uma pérola de valor incalculável (Mateus 13.45,46). Lançá-la a quem não a valoriza é uma blasfêmia, porque porcos detestam pérolas.

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