Pr. João Soares da Fonseca

Bicho do Coração Pequeno

Entre os muitos animais da fauna africana está a chamada onça africana (cheetah), também conhecida como guepardo, muito parecida com o leopardo. É considerada o animal mais rápido da face da terra, atingindo velocidades de 100 a 105 km/h. Certa vez, alguém registrou, com um cronômetro, uma delas correndo a mais de 130 km/h.

Embora pareça ter asas nos pés, a onça africana não consegue sustentar esse ritmo por muito tempo. É que dentro de seu comprido corpo elegante reside um coração desproporcionalmente pequeno, o que faz com que ela se canse rapidamente. Se não alcançar a presa na primeira investida, ela acaba desistindo da perseguição.

Compreende-se o comportamento da onça africana. Mas é difícil entender por que crentes que “corriam bem”, já não mostram mais o mesmo amor pela pessoa de Cristo. Fazem lembrar os milhares de corredores da São Silvestre, que saem em festa, acenando para as câmeras, mas na primeira subida, desistem.

Alguns de nós começaram a carreira cristã com o entusiasmo nas alturas, mas depois foram perdendo fôlego, o fogo foi se apagando aos poucos, e se tornaram cristãos rotineiros.

Machado de Assis escreveu que “a inconstância é moléstia vulgar”. De fato, temos visto bastante a vulgaridade dessa doença. O grande pregador R. G. Lee (1886-1978) disse: “Vivemos em um mundo de teologia invertebrada, de moralidade gelatinosa, de gangorra religiosa, dotado de convicções de borracha, de malabarismos filosóficos e uma psicologia que nos diz o que já sabemos mas em palavras que não entendemos”.

Na Parábola do Semeador, Jesus disse que uma parte da semente “caiu sobre pedras” (Lucas 8.6). Quem são? “Os que estão sobre as pedras são os que, ouvindo a palavra, recebem-na com alegria; contudo, eles não têm raiz e creem apenas por algum tempo; e desviam-se na hora da provação” (Lucas 8.13).

Os africanos diriam que tais crentes, como a onça de lá, têm o coração pequeno.

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