Pr. João Soares da Fonseca
Bandido Bom…
Por causa do aumento assustador da violência no Brasil, houve um candidato a prefeito, ou governador ou presidente – não me lembro – cujo marketing martelava: “Bandido bom é bandido morto”. Jesus discorda. Para ele, mesmo um criminoso pode vir a ser uma nova criatura. Eu também discordo. Vou lhe contar uma história por trás de um relógio que tenho.
Eu estava pregando numa série de conferências numa igreja aqui no Rio de Janeiro. Antes de começar o último culto, no domingo à noite, 25 de março de 1990, um homem veio ao gabinete do pastor e me disse:
— Pastor, você não me conhece. Mas eu gostaria de lhe dar este relógio. — Tentei convencer o homem de que não precisava fazer isso. Mesmo assim, o homem insistiu: — Eu gostaria de lhe dar este relógio, porque preciso de sua ajuda. Será um presente acompanhado de um pedido: Toda vez que o irmão olhar para este relógio, ore por mim. Estou enfrentando muita tentação. — E em seguida, contou-me sua história.
— Cresci naquela favela ali – e apontou para um morro próximo. — Cedo na vida comecei a beber. Depois de algum tempo, o álcool já não era suficiente, e me rendi às drogas. Comprei, usei, vendi drogas. Éramos quatro. Dois já morreram, um ainda está na prisão, e eu estou aqui, livre e vivo só porque Jesus me salvou. Mas está muito difícil seguir a Jesus, e preciso de sua ajuda, orando por mim. Pegue este relógio, por favor.
Eu disse ao homem que não precisava fazer isso, que eu iria orar por ele mesmo assim. Mas ele não aceitou os meus argumentos. Não tendo outra escolha, aceitei o relógio. Aquele homem dava sinais de pouca instrução, mas tenho que admitir que usou de boa pedagogia. Porque agora, toda vez que eu olho ou uso aquele relógio, eu oro por ele.
Cada bandido, morto para o mundo e renascido em Cristo, é um testemunho de que fora de Jesus não há salvação. Com ele, sim, é possível haver “bandido bom”, que é aquele que deixa de ser bandido.