Pr. João Soares da Fonseca

Soli Deo Gloria

O nome Johann Sebastian Bach dispensa adjetivações e evoca excelência. É sinônimo de perfeição. Mas nem sempre foi assim: nos seus dias, ele foi pouco reconhecido. E continuou esquecido por muitos anos ainda depois de sua morte, no dia 28-07-1750. Mas quando o mundo acordou para a sua música, reconheceu que ele foi um talento incomparável.

O que admiro nele, além da virtuosidade de suas obras, é o fato de que, para ele, a música não era apenas música. Era, sem trocadilho, um instrumento. Ele fez da música uma declaração de amor ao seu Criador. Consta que três quartos de suas 1.000 composições foram feitas visando à utilização no culto. A associação entre genialidade musical e devoção a Cristo confere-lhe, em muitos círculos, o epíteto de “o Quinto Evangelista”.

Essa devoção começou quando, aos 48 anos, Bach adquiriu uma cópia da tradução da Bíblia, que Lutero fez em três volumes. Dedicou-se ao texto bíblico, como se fosse a um tesouro que estivera perdido. Sublinhou passagens, corrigiu erros tipográficos, fez anotações nas margens. Em 1Crônicas 25, onde há uma lista dos músicos de Davi, ele escreveu: “Este capítulo é o verdadeiro fundamento de toda música que agrada a Deus”. Em 2Crônicas 5.13, que fala de músicos do templo louvando a Deus, ele observou: “Em uma performance reverente da música, Deus está sempre perto, com sua graciosa presença”. Como disse alguém, o músico Bach foi um “cristão que viveu com a Bíblia. Além de ser o maior organista e compositor da era barroca, e um dos gênios mais produtivos da história da música no Ocidente, Bach também foi um teólogo que trabalhava com um teclado”.

Bach viveu focado na glória de Deus, e talvez por isso os seus contemporâneos não lhe tenham dado o justo valor. Sua arte apontava para cima. Por isso, escrevia ao fim de cada obra, S. D. G., Soli Deo Gloria, “Somente para a glória de Deus”. Não é um excelente lema para a sua vida também?

  1. 20 de junho de 2020

    Que maravilha! Bênção 🙏

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