Kely Cristina Magalhães Decotelli - Ministra de Crianças
No ano de 2017, a cidade São Paulo recebeu uma instalação do Museu da Empatia. A experiência proposta aos visitantes consistia em entrar numa caixa gigante de sapatos e ali escolher um par que havia pertencido a outra pessoa. Além de calçar os sapatos escolhidos era possível ter acesso a fones de ouvido, por meio dos quais se ouvia a voz e a história da vida de alguém que um dia havia calçado aqueles pares de sapatos. A experiência partia do dito popular “Você não entende alguém até caminhar com seus sapatos”. Aqui no Brasil isto poderia se aproximar do que conhecemos por “Cada um sabe onde seu calo aperta”.
Jesus nos orientou a seguirmos seu exemplo e tocarmos nos pés uns dos outros. Em seus momentos finais com os discípulos, relatos em João 13, o vemos lavar os pés daqueles homens e dizer que no Reino de Deus existe um princípio comunitário de serviço mútuo. Nesse sentido, a prática de ‘lavar pés sujos e calejados’ produziria em nós a compreensão de um reino no qual cada um estaria disponível para cuidar das necessidades uns dos outros.
Quando se lava os pés de alguém se tem contato com suas vulnerabilidades. Geralmente, os pés são a parte visível mais afetada do corpo, já que eles o sustentam e entram em contato direto com o chão. Os pés marcados e empoeirados nos mostram os caminhos por onde temos passado.
Nesse sentido, a prática da empatia é um ‘caminhar com’, é colocar-se na necessidade do outro, é sentir suas dores e conhecer seus sentimentos.
Jesus, que é nosso maior exemplo de doação empática, ao levar sobre si as nossas dores e pecados, ‘calçou nossos sapatos’ e assumiu nosso lugar, até as últimas consequências. O texto de João ainda nos traz um novo mandamento da parte de nosso mestre: “Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13:34,35).
Que sejamos uma igreja que ama como Ele nos deu o exemplo. Que sejamos uma comunidade que não se priva de entrar em contato com as necessidades uns dos outros. E ainda, que faz da necessidade do outro a sua própria.