Pr. João Soares da Fonseca
Chamava-se Miguel Serveto e foi um dos homens mais eruditos na Espanha no final da Idade Média. Era médico, cartógrafo, tradutor e teólogo. Dominava matemática, astronomia, meteorologia, geografia, anatomia, farmacologia, além de direito e poesia. Lia a Bíblia nas línguas originais.
Por causa de algumas posições teológicas heterodoxas, Serveto foi perseguido pela inquisição francesa, chegando mesmo a ser preso. Mas fugiu e se dirigiu a Genebra, cidade orientada pelo reformador João Calvino.
No dia 13 de agosto de 1553, Serveto foi participar do culto na bela Igreja de Santa Madalena, que apesar do nome, era uma igreja evangélica, sendo Calvino o pregador. No meio da multidão, foi reconhecido e levado à prisão, de onde saiu apenas para ser executado na fogueira, o que aconteceu no dia 27 de outubro daquele ano. Morreu abraçado aos livros que publicara. Tinha 42 anos.
Sem dúvida, a execução de Serveto é uma nódoa na história da fé reformada. Ao fugir de um país católico (França) para um protestante (Suíça), ele deve ter imaginado que estaria seguro. Se foi isso que pensou, o erro lhe custou a vida. E os protestantes se mostraram tão intolerantes e cruéis quanto os seguidores do Papa.
De fato, Serveto defendia algumas ideias antibíblicas, sendo a mais famosa delas a sua posição antitrinitária. A outra acusação principal era de que ele rejeitava o batismo infantil.
Destaco, porém, o fato de que mesmo perseguido, Serveto desejou ir à igreja. Ele quis ouvir a Palavra, e isso já é, em si, admirável.
Destaco, por fim, que um dos princípios que os batistas sempre defenderam é o da liberdade da consciência: ninguém deve ser perseguido por crer diferente. O máximo que o Novo Testamento recomenda é que o herege seja desligado da igreja. Mas matar… jamais.
Segundo alguns historiadores, as últimas palavras de Miguel Serveto foram: “Ó Jesus, Filho do Deus Eterno, tem misericórdia de mim”.