Pr. João Soares da Fonseca
Numa de suas belas crônicas, o jornalista esportivo Armando Nogueira (1927-2010) escreveu certa vez: “No esporte, especialmente no futebol, as sandálias da humildade costumam levar a melhor contra o salto alto da soberba” (“É chegada a hora”, Jornal do Brasil, 02-06-2002).
Uma das mais fortes mensagens do Natal é a da humildade. Paulo diz que Jesus se humilhou ao se encarnar, não utilizando a sua condição de Deus para se vangloriar, mas se esvaziou, ou seja, humilhou-se perante os homens. “O Verbo se fez carne” (João 1.14), e isso foi uma humilhação para o Verbo, já que trocou o esplendor de sua glória por um estábulo malcheiroso.
Vivemos tempos em que um pouco da humildade cristã só nos faria bem. O sábio ensinou: “A recompensa da humildade e do temor do SENHOR são as riquezas, a honra e a vida” (Provérbios 22.4). Jesus disse: “…o maior dentre vós deverá ser vosso servo” (Mateus 23.11). Tiago escreveu: “Humilhai-vos diante do Senhor, e ele vos exaltará” (Tiago 4.10).
O Comentário Africano lembra bem: “Enquanto Adão e Eva buscavam uma oportunidade para se tornarem como Deus, Jesus não fez questão de permanecer igual a Deus. (…) Sua humilhação não foi um episódio isolado, mas se estendeu por toda a sua vida, desde o nascimento na manjedoura até o ápice na cruz” (ADEYEMO, 2010, p. 1479).
Conta-se que alguém bateu, certa vez, à porta de Lutero, perguntando:
― Martinho Lutero mora aqui? ― E Lutero teria respondido:
― Não, Martinho Lutero não mora mais aqui; Martinho Lutero morreu. Quem agora mora aqui é Jesus Cristo”.
Se é Cristo quem habita em nós agora, precisamos evidenciar a sua presença em nós, e o primeiro modo de fazê-lo é revestindo-nos da mesma humildade que Ele demonstrou possuir. Um crente orgulhoso é uma contradição, que só faz desacreditar a nossa fé.