Pr. João Soares da Fonseca
Em seu livro, A Psiquiatria de Deus, Charles L. Allen conta que “logo após a segunda grande guerra, os exércitos aliados recolheram milhares de crianças desabrigadas e famintas, e as levaram para alojamentos especiais. Ali, essas crianças foram alimentadas e bem tratadas. Entretanto, à noite, elas não conseguiam dormir bem. Pareciam sempre inquietas e temerosas.
“Por fim, um psicólogo descobriu a razão do problema e como solucioná-lo: tratava-se de insegurança. Então, eles decidiram que, quando as crianças fossem dormir, receberiam uma fatia de pão para segurarem. Aquele pedaço de pão não era para ser comido; deviam apenas segurá-lo. Se demonstrassem desejo de comê-lo, deveriam ganhar outra fatia de pão, mas aquela eles não poderiam comer.
“O pedaço de pão produziu resultados miraculosos. As crianças dormiam com a certeza subconsciente de que teriam algo para comer no dia seguinte. Isto lhes proporcionava um sono tranquilo e calmo”.
Não apenas as crianças, mas todo ser humano precisa ter a sensação de segurança. E a certeza de que alguém está cuidando de nós nos oferece o que Charles Allen chamou de “visão positiva da vida”.
No dicionário de francês Petit Robert se lê um verbete curioso: abandonnique, que poderíamos traduzir livremente por abandonite. O vocábulo foi criado em 1950, evidentemente a partir da palavra abandono. Esclarece o dicionarista: “Psicologia: Diz-se do indivíduo, principalmente uma criança, que vive em constante temor de ser abandonado, sem que necessariamente haja razões objetivas que justifiquem tal temor”.
O servo de Deus não precisa sofrer de abandonite, porque o seu Senhor lhe garante a proteção de sua presença: “Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se com o que vocês têm, porque Deus mesmo disse: ‘Nunca o deixarei, nunca o abandonarei’.” (Hebreus 13.5, NVI). Jesus disse que estaria conosco “até a consumação dos séculos” (Mateus 28.20), até o fim.