Pr. João Soares da Fonseca
O pastor anglicano, Samuel Wesley, tinha 19 filhos, e morava na casa pastoral, num vilarejo inglês chamado Epworth. Naquele dia, 9 de fevereiro de 1709, perto da meia-noite, a casa pegou fogo, e dona Susana, sua esposa, teve que sair correndo para escapar com vida, arrastando vários dos muitos filhos. Mas na pressa, deixou para trás o pequeno João Wesley, que estava para completar 6 anos. Os vizinhos foram correndo e retiraram o garoto às pressas. No momento em que acabaram de fazer isso, o teto, totalmente em chamas, desabou “com grande ruído”, como conta H. H. Muirhead. O episódio é importante, não só porque salvou a vida do menino, mas também porque, de certa forma, moldou a teologia e a pregação do menino quando ele cresceu. Diz um de seus biógrafos: “A casa incendiada simbolizava o mundo perdido. Toda alma humana, no pensamento de Wesley, era semelhante àquele menino rodeado pelo fogo, pelas chamas do pecado e por aquela ira divina e eterna que o pecado incendeia, apertando-o de todos os lados…” (MUIRHEAD, H. H. O cristianismo através dos séculos – vol. III. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1949, p. 277-278. A citação é de W. H. FICHETT, em Wesley e seu século, usado por Muirhead).
Ninguém brinque com o poder destruidor do pecado. O autor de Hebreus é rigoroso: “Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue” (Hebreus 12.4). Uma luta assim pressupõe um inimigo extremamente perigoso. O pecado deve ser combatido até o sangue por causa do mal que ele faz ao universo do indivíduo, ao conjunto da sociedade e à vida da igreja.
Desde que o homem caiu, sua vida virou um inferno. Ele passou a dividir a sua jaula com o pecado. Na relação consigo mesmo, o homem se perdeu, já que abandonou a principal referência da sua vida, que era Deus. Correndo atrás do vento, o pecador se casou com o vazio, se associou com a solidão e se afundou no desespero.