ORAÇÃO E A QUEDA
Gênesis 1; 3; 4; Jeremias 29.
“Ao ouvirem a voz do Senhor Deus, que andava pelo jardim no final da tarde, o homem e sua mulher esconderam-se da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim. Mas o Senhor Deus, chamou o homem e perguntou-lhe: Onde estás? O homem respondeu-lhe: Ouvi a tura voz no jardim e tive medo, porque estava nu, por isso me escondi.” (Gênesis 3: 8-10)
Introdução. A oração é a experiência primordial dos seres humanos. Antes de falar consigo mesmo, antes de se comunicar com o seu semelhante, os seres humanos já se comunicavam com Deus, no Jardim do Éden. A primeira vez que os seres humanos tiveram contato, depois de terem sido criados, foi a voz de Deus. Já não é mais assim depois da expulsão do Jardim do Éden.
Afinal de contas, o que foi que aconteceu? A resposta está na experiência da queda (lapso). Queda é um termo teológico que se refere ao mais trágico evento da história humana, uma vez que todas as nossas tragédias posteriores são oriundas dela. A queda se refere à ruptura dos seres humanos com Deus, por causa do pecado. A ruptura com Deus ocorreu por termos aceitado a proposta satânica de transferir o eixo decisório da nossa vida de Deus para nós próprios.
Adão e Eva, o primeiro casal, estavam cientes de que se tocassem e comessem do fruto do bem o e do mal estariam transgredindo as proibições de Deus. Isto significa dizer que o primeiro casal tinha plena consciência do que era certo e errado. Satanás, na tentação, ofereceu uma proposta diferente. Qual? Trocar o eixo decisório de Deus para eles mesmos.
A experiência com Deus tem sido um tremendo desafio para todos nós. Por quê?
1)Porque passamos a tentar nos esconder de Deus. Depois da queda, os seres humanos passaram a se esconder de Deus. Deus passou a ser visto como um ser que inspira medo. Oração e medo não combinam. Ou nós oramos, ou nos escondemos. Não dá para fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Se queremos falar com Deus, vamos precisar parar de nos esconder e admitir exatamente quem somos.
2)Porque passamos a ter dificuldade de aceitar nossa parcela de responsabilidade pelos nossos erros e pecados. Confrontado por Deus, Adão admite que pecou, mas transfere as responsabilidades pelos seus atos para a mulher. Não é possível orar e fugir às nossas responsabilidades. Orar é tornar-se responsável diante de Deus. A oração verdadeira é aquela em que nós oferecemos a nossa vida como garantia, a fim de que Deus aja por nosso intermédio e não em nosso lugar.
3)Porque passamos a nos ver como vítimas das nossas circunstâncias. Confrontada por Deus, a mulher respondeu: “A serpente me enganou, e eu comi” (Gn 3:13). Como se não houvesse nenhuma alternativa a não ser ceder à tentação. No momento e, que passamos a aceitar que somos reféns de situações que determinam tudo o que nos acontece, orar deixa de fazer sentido. Para que orar se o nosso destino já está traçado em todos os seus detalhes?
Conclusão. Se no Jardim do Éden, com os nosso pais, nós trocamos a oração por uma aventura trágica, em busca de autonomia, ; no Jardim do Getsêmani, com Jesus, nós recuperamos a capacidade de orar, nos submetendo à vontade de Deus, dizendo: “Não seja feita a minha vontade, mas a tua”.
Marcia Cristina Pinheiro – Equipe de Resumos