Pr. João Soares da Fonseca
Vamos Dar as Mãos
Li, há muitos anos, uma história triste, acontecida num vilarejo europeu, habitado por dezenas de agricultores.
Certo dia, no final de uma tarde de inverno, um casal retornava à casinha simples em que morava, na certeza de encontrar aí a filha caçula que permanecera sozinha. Para surpresa e susto do casal, a menina não estava em casa. Como as sombras da tarde se escureciam mais e mais e o manto da noite anunciava a sua chegada sobre o vilarejo, os pais saíram imediatamente à procura da filha. Bateram de porta em porta, vasculharam cada casa, sem sucesso. Penalizados, os vizinhos se juntaram ao casal numa busca desordenada e frenética, cada um seguindo numa direção.
Com a chegada da noite, acenderam-se archotes, lampiões e lamparinas, e a procura seguiu-se noite adentro.
Foi a noite mais fria para aqueles pais desesperados e seus vizinhos solidários. Viram o nascer do sol, e toda a campina coberta por uma camada de neve.
Fizeram então uma breve reunião para avaliar a situação. Decidiram que fariam uma última tentativa de busca, mas desta vez, ao invés de cada um seguir numa direção, eles dariam as mãos, formariam uma grande corrente e varreriam toda a área, primeiramente no sentido norte-sul e depois, no sentido leste-oeste. Isso decidiram, isso fizeram. E foi seguindo essa estratégia que encontraram, caído nos campos de trigo, o corpinho gelado da criança, já sem vida.
Desesperada, a mãe se debruçou sobre a filha morta e, soluçando profundamente, perguntava aos arrasados circunstantes: “Por que não demos antes as mãos?”
A tarefa da Igreja se assemelha à daqueles aldeões. Jesus nos mandou sair à procura dos que se encontram espiritualmente perdidos. Temos diante de nós a opção de sairmos desnorteados, cada um seguindo seus próprios impulsos e interesses. Ou podemos dar-nos as mãos e, unidos, “buscar e salvar o que se havia perdido” (Lucas 19.10). A falta de união pode ser fatal.