Pr. João Soares da Fonseca
Quem Sou Eu?
Eram as últimas horas do ano de 1772. John Newton, pastor anglicano da pobre igreja de Olney, na Inglaterra, dava os retoques em seu sermão a ser pregado no Dia de Ano Novo. Seu texto seriam as palavras de Davi: “Então o rei Davi entrou, sentou-se diante do SENHOR e disse: Ó SENHOR Deus, quem sou eu, e quem é a minha família, para que me tenhas trazido até aqui? 17 Ó Deus, isso ainda foi pouco aos teus olhos, pois também falaste da família do teu servo, e me trataste como um homem ilustre, ó SENHOR Deus” (1Crônicas 17.16-17).
Coincidia que Newton chegava ao fim de um diário, um grande caderno onde anotara tanta coisa nos últimos 16 anos. Revisitando o seu passado, via um jovem rebelde, expulso de vários navios, açoitado publicamente, expulso da Marinha real, traficante de escravos, um homem perdido. E chegou à conclusão de quem só mesmo Deus, com sua graça admirável (“amazing grace”), pôde resgatá-lo daquela vida condenada.
Como era praxe os pastores escreverem eles mesmos um hino para combinar com o sermão, Newton escreveu “Preciosa Graça”, pensando tanto na experiência de Davi, pecador perdoado, como na sua própria. O hino foi composto, cantado e esquecido. Mesmo publicado, não fez muito sucesso. Até que atravessou o Atlântico.
Aproveitado no enredo do livro Cabana do Pai Tomás, cerca de 80 anos depois de composto, o hino de Newton passou a ser um dos mais amados e cantados de todos os tempos.
E agora, com a Internet, é comum ver e ouvir belas apresentações do velho hino em arranjos igualmente “admiráveis”.
Neste último domingo do ano, que reflitamos, também nós, na graça admirável e imerecida, que faz um pecador dizer a Deus palavras como as que Davi disse: “[Tu] me trataste como um homem ilustre”. Nós, que merecíamos o inferno, fomos perdoados em Cristo, por Ele transformados em novas criaturas, por Ele feitos filhos de Deus, a caminho do céu. É muita bênção!
Feliz Ano Novo!