Pr. João Soares da Fonseca
Como Se Transformar Num País Pós-Cristão?
Num dos pastorados anteriores, tivemos uma série de conferências (coisa rara então, raríssima hoje). Era de sexta a domingo. Na sexta, tivemos a presença de muitos irmãos. O orador ficou entusiasmado. Então pensamos: “Ah, no sábado, já que ninguém trabalha, vamos ter um auditório bem maior”. Engano puro. Se tínhamos metade do auditório da sexta, era muito. Passei o culto todo tentando entender o que aconteceu. No final do culto, à porta, alguém me deu a chave do problema, ao perguntar se eu ia também: “Ir aonde, irmão?”.
Para encurtar a história, um adolescente da igreja estava aniversariando, e haveria uma grande festa na casa do avô. Descobri que eu também estava convidado. Fui. E quando lá cheguei, vi, com tristeza, a grande sala lotada, gente pelos quartos e corredores, ou seja, um acontecimento! Naquela hora entendi a revolta de Jesus quando apanhou um chicote e virou as mesas no templo de Jerusalém.
Já posso ouvir a objeção: “Mas a família é muito importante”. Mais importante que o Reino de Deus? Será que o mesmo Jesus do chicote errou ao dizer: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim” (Mateus 10.37)?
O continente europeu é descrito hoje como um ambiente pós-cristão: templos transformados em atrações turísticas, e as igrejas que ainda mantêm cultos estão vazias. Por que será?
Há uma multiplicidade de fatores, que não vem ao caso discutir agora, mas num ponto temos que concordar: as coisas lá chegaram aonde chegaram em virtude de uma aparentemente pequena negligência: o Reino de Deus não recebeu a prioridade que deveria receber.
Uma concessão aqui, outra ali, e o resultado é esse quadro triste de uma igreja doente, anêmica, esquelética, afônica, paralítica, cega, surda, moribunda enfim. Se o Senhor não tiver misericórdia de nós, também seremos um país pós-cristão!