Pr. João Soares da Fonseca
Como Agradecer?
A tempestade no mar ameaçava levar o navio para o fundo. Um dos tripulantes trabalhava no convés quando uma onda gigantesca lambeu o navio, lançando-o nas águas violentas do oceano.
Embora bom nadador, o máximo que pôde fazer foi manter-se acima da água.
Do navio viram-no lá embaixo, rodeado de espuma, levantando as mãos súplices, pedindo socorro. Mas o capitão do navio disse em tom profissional: “Não desçam nenhum bote, seria inútil: nenhum bote poderia resistir a ondas assim selvagens. Infelizmente, não podemos salvar esse homem. O máximo que podemos fazer é tentar salvar o navio”.
Distanciando-se cada vez mais do náufrago impotente, todos viam o desespero com que lutava. O capitão reafirmou a inutilidade de se fazer descer um pequeno bote.
Um homem, porém, nadador experiente, vendo aquilo, ficou tão comovido com os pedidos de socorro do náufrago, que, livrando-se de roupas mais pesadas, disse: “Vou salvar aquele homem, ou morrer com ele”. E saltou para as águas profundas.
Nadou vigorosamente contra a força das ondas, até que chegou ao náufrago desesperado. A essa altura, este já havia desistido de nadar, prestes a perder os sentidos. O salvador agarrou o homem inconsciente, e, a muito custo, trouxe-o para perto do navio. Um pequeno bote os recolheu, e os dois foram puxados para o convés. O náufrago jazia deitado, agora inconsciente. Perto dele, o homem que o resgatara também. Ali mesmo os dois recebiam os primeiros socorros.
Assim que o homem resgatado abriu os olhos e vendo que não estava mais no oceano, suas primeiras palavras foram: “Quem me salvou?”
Alguém lhe apontou o seu salvador ainda deitado no convés em suas roupas molhadas. O ex-náufrago se arrastou até ele, e colocando os braços ao redor dos pés daquele homem, gritou comovido: “Serei teu escravo; serei teu escravo”. O que fora salvo achava que nunca poderia agradecer o suficiente ao seu salvador.