Pr. João Soares da Fonseca

Recuperemos a Dignidade do Silêncio

Nessa grande obra, que é Declínio e Queda do Império Romano, o inglês Edward Gibbon tem uma bela frase: “A conversa alarga o entendimento, mas a solidão é a escola do gênio”. Sem dúvida, há inúmeras vantagens em se ficar quieto, meditando, atividade para a qual o silêncio é indispensável.

Já que estamos falando de gênio, que tal prestar atenção ao conselho do gênio dos gênios: “Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto” (Mateus 6.6). Jesus não fazia recomendações que ele próprio não praticasse: “Naqueles dias retirou-se para o monte a fim de orar; e passou a noite toda em oração a Deus” (Lucas 6.12). A vitalidade do pensamento de Jesus e a irresistibilidade de suas palavras nasciam dessas horas de silêncio com Deus. “Tu, quando orares…” Àquele grupo Jesus nem precisava ordenar que orasse. Porque o judeu gostava de orar, mesmo que fosse apenas oração formal. Jesus pressupõe que o crente vai orar. A questão hoje é: Por que a nossa dificuldade em implantar em nossas vidas o hábito do recolhimento? Nossa aversão ao silêncio possivelmente derive de alguns fatores (e minha lista está longe de ser exaustiva):

1. Precária pedagogia

É comum os pais ensinarem o filho a ficar em silêncio? Em sua formação, você se lembra de seus pais ou professores elogiarem as vantagens e virtudes do silêncio? A igreja tem ajudado as pessoas a descobrir o valor do silêncio? Que foi feito da chamada “oração silenciosa” nas igrejas? Parece que o silêncio se tornou intolerável em nossa cultura hoje.

Outro fator que talvez explique a nossa aversão ao silêncio:

2. Processo de punição Não é verdade que alguns pais dizem às suas crianças que se não se comportarem, terão que ficar sozinhas num quarto? Com isso, estamos ensinando a elas que o silêncio é uma forma de castigo, que solidão é suplício. Precisamos recuperar a dignidade do silêncio.

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