Pr. João Soares da Fonseca

Oração para a Noite Escura

Um hino avulso, que já foi muito cantado por quartetos e solistas, diz:

“Vem, Senhor, me guiar, minha fé sustentar.

Fraco estou, débil sou, sem vigor.

Quero as trevas deixar, quero a luz alcançar.

Pela mão vem guiar-me, Senhor.

Se o meu jornadear exigir batalhar,

Laços mil Satanás me armar,

Socorrer-me, ó vem, meu Senhor, Salvador,

Pela mão, vem guiar-me ao Lar”.

Você sabe a história por trás desta oração? Thomas A. Dorsey (1899-1993) fez letra e música em 1932, como contou numa entrevista que vi na TV:

Minha esposa Nettie e eu morávamos em Chicago. Numa tarde quente de agosto, tive que ir a St. Louis, cantar numa grande reunião. Eu não queria ir. Nettie estava no último mês de gravidez de nosso primeiro filho. Mesmo contrariado, dei um beijo nela e fui.

Fora da cidade, porém, lembrei que, na pressa, esqueci de pegar as músicas. Manobrei e voltei. Nettie dormia pacificamente. Hesitei se devia mesmo viajar. Algo me dizia para ficar. Mas e o compromisso? Não querendo perturbar Nettie, saí pé ante pé.

Na noite seguinte, já em St. Louis, cantei vários hinos. Quando sentei, alguém me entregou um telegrama. Dizia: “Sua esposa acabou de morrer”.

O povo cantava alegremente, mas eu mal contive o choro. Telefonei para casa. Só consegui ouvir do outro lado: “Nettie morreu; Nettie morreu”. Dera à luz um menino, mas naquela noite, o bebê morreu.

Sepultei Nettie e nosso filho juntos no mesmo caixão. E desmoronei. Por dias eu me fechei. Senti que Deus havia me feito uma injustiça. Eu não queria mais servi-lo nem escrever hinos.

Ah, se eu soubesse, teria ficado com a Nettie quando ela morreu!

No sábado seguinte, sentei-me ao piano, e minhas mãos começaram a percorrer as teclas. Algo aconteceu então: senti paz, como se estendesse a mão e tocasse em Deus. Eu me peguei tocando o que estava na minha cabeça. Era este hino.

Quando nos sentimos mais distantes de Deus, é quando Ele está mais perto.

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