Pr. João Soares da Fonseca
O Homem que Virou Cadeira
William Barclay (1907-1978) nos conta um fato chocante registrado pelo filósofo francês Montaigne.
É a história de um juiz corrupto que, evidentemente, recebia suborno para favorecer a esta ou àquela pessoa. Tantas foram as injustiças cometidas pelo magistrado em troca de dinheiro, que o rei persa, Cambises, mandou que o tal juiz fosse morto. Mas o castigo de Cambises não parou por aí. Determinou também que o juiz morto fosse escalpelado, ou seja, que sua pele fosse retirada do corpo, posta pra secar, e depois mandou que fosse colada no assento da cadeira dos juízes. Assim, toda vez que um juiz fosse ali se assentar, ele se lembraria do castigo que Cambises aplicava aos juízes corruptos.
A corrupção e o suborno não são invenções recentes. Nos tempos do Antigo Testamento já existiam. Mas vale registrar a atitude tomada por Jeosafá, rei de Judá, ao exortar os juízes do seu tempo: “Vede o que fazeis, porque não julgais para o homem, mas para o SENHOR, e ele está convosco no julgamento. Agora, seja o temor do SENHOR convosco; tende cuidado no que fazeis, porque não há injustiça ou parcialidade no SENHOR, nosso Deus, e ele não aceita suborno” (2Crônicas 19.6,7).
Mais tarde, em sua obra Henrique VIII, o poeta inglês Shakespeare, que se referia ao suborno como comichão nas mãos, resumiria em versos as palavras do rei Jeosafá:
O céu está acima de tudo; lá se assenta um juiz que nenhum rei pode corromper.
A Lei de Deus, entregue aos homens por Moisés, ensinava: “Pois o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o SENHOR dos senhores; o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz discriminação de pessoas nem aceita suborno” (Deuteronômio 10.17).
Jeremias ora a Deus e o chama de “justo Juiz” (Jeremias 11.20). Paulo também, ao falar da coroa que receberá de Deus, chama-o de “justo juiz” (2Timóteo 4.7). A justiça de Deus é o tema do Salmo 58. Não nos esqueçamos desta verdade!