RESUMO | LIÇÃO 13 – Isaías, o Evangelho do Antigo Testamento

Isaías, o Evangelho do Antigo Testamento

(Citações no Novo Testamento)

“De sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías: Ouvireis com os ouvidos e de nenhum modo entendereis; vereis com os olhos e de nenhum modo percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados. Bem-aventurados, porém, os vossos olhos, porque veem; e os vossos ouvidos, porque ouvem.”

(Mateus 13,14-16)

Isaías é o profeta mais citado pelos evangelistas ao fazer referência às palavras de Jesus, assim também no Corpus Paulinum. Não é exagero anunciar o livro do profeta Isaías como “um Evangelho antes do evangelho”. Não faltam argumentos para apresentarmos a proposição de que Isaías é o primeiro evangelista da Bíblia.

Inicialmente, é no profeta Isaías que encontramos a expressão boas-novas de forma textual (Is 6.1). Necessariamente estamos diante de um novo momento no processo progressivo da revelação de Deus. Esse novo cenário é marcado pela moldura pós-exílica que inaugura uma nova ênfase no profetismo bíblico, em que a mensagem está centrada na salvação e não mais no juízo.

Mas outros elementos são determinantes nessa comparação, tendo especial destaque a mensagem messiânica. Os Evangelhos Sinóticos registram um dos vários momentos em que Jesus leu publicamente o profeta Isaías (Lc 4.16-17); e o evangelista segue lendo o texto de Isaías 61.1,2, apresentando a mensagem das boas-novas e tendo no final da leitura Jesus fazendo uma autodeclaração da sua identidade messiânica: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabais de ouvir” (Lc 4.21).

A centralidade da mensagem messiânica encontrada na tradição do profeta Isaías pode ser verificada em vários textos de forma direta e indireta (Is 4.2), (Is 11.1) e (Is 42.1). As profecias messiânicas apresentadas pela tradição profética de Isaías são ratificadas no ministério de Jesus por seus milagres e ações de misericórdia e graça. Jesus curou cegos, surdos e aleijados (Mt 11.3-5; Lc 7.22) que já haviam sido profetizados por Isaías (Is 29.18; Is 35.5,6); Jesus inaugura a nova aliança também já profetizada (Is 55.3,4; cf. Lc 22.20) e numa dimensão escatológica fará cumprir o seu propósito último com o estabelecimento do reino milenar onde será adorado (Is 9.7; Is 66.22,23; cf. Lc 1.32,33; Lc 22.18,29,30; Jo 18.36).

A relação entre as palavras do profeta Isaías e a vida e ministério de Jesus atesta a importância do profeta para a comparação da expectativa messiânica encontrada no texto veterotestamentário pós-exílio.

O texto bíblico que a igreja cristã da metade do primeiro século tinha acesso era o Antigo Testamento, sobretudo a Lei e os profetas. A influência e o uso do texto do profeta Isaías não estão limitados aos Evangelhos. Em Atos dos Apóstolos encontramos o registro do uso que Estevão fez do texto profético por ocasião do seu discurso de defesa (At 7.49-51; cf. Is 66.1,2; Is 63.10); uma das passagens mais citadas é encontrada no episódio da evangelização de Filipe em relação ao eunuco (At 8.32,33), quando encontramos uma das mais belas exposições da mensagem messiânica a partir do texto profético (Is 53.7,8). Paulo pregando em Roma (At 28.26,27), desafia seus ouvintes a um compromisso de vida e fé em Jesus Cristo, trazendo a mensagem profética já conhecida pelos judeus da Diáspora e que agora ele também ensinava aos gentios (Is 6.9,10). De maneira singular, por seu profundo conhecimento dos escritos veterotestamentários, o apóstolo Paulo apresenta em suas cartas vários ensinamentos retirados da tradição do profeta Isaías (Rm 3.15-17; cf. Is 59.7,8; 9.27-33).

O livro do profeta Isaías é uma leitura obrigatória para que tenhamos uma visão mais ampla da forma como se desencadeou o processo da revelação de Deus no Antigo Testamento como também para a nossa compreensão do texto bíblico de uma forma geral.

Que o Senhor continue derramando ricas bênçãos sobre a vida do seu povo.

Catarina Damasceno – Equipe de Resumos.