SER OU TER: EIS A QUESTÃO
(Lucas 17;18)
“Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós.”
(Lucas 17.20,21)
Para Jesus, a humildade é a essência do amor. Ela abre o coração para o exercício do perdão. Interessante que quando não se ama, não se perdoa. A ausência do perdão brutaliza o ser humano e o torna algoz de si mesmo. Não é apenas uma questão literária, mas tem todo sentido quando Jesus fala de perdão no contexto de uma fé que cresce. É claro que em resposta ao pedido dos discípulos: “Aumenta a nossa fé” (Lc 17.5). Jesus não responde com uma receita de como ter uma fé maior, mas, sim, valoriza o fato de que uma fé pequena tem um grande potencial em si mesma.
Fato é que Jesus não aumenta a fé dos discípulos de modo miraculoso, naquele lugar e hora. Mas, por causa do ensino profundo e, sobretudo, identificação com Jesus, enquanto mestre e amigo, aqueles homens tinham criado em si mesmos uma fé poderosa, que proclamaria o evangelho aos indignos daquele tempo com toda ousadia e resiliência.
O espírito desarmado, que é uma das características da humildade, será importantíssimo para o enfrentamento das horas mais difíceis de Jesus: as que antecedem a sua crucificação. Em todo o seu evangelho, Lucas está deixando bem claro que Jesus está a caminho de Jerusalém. Chegando lá, seu reino anunciado será estabelecido formalmente. Mas, a sua unção não seria no trono e, sim, na cruz.
Questionado sobre quando o reino de Deus viria, Jesus responde de modo incrível em Lucas 17.20,21. No reino de Deus não haverá nenhuma atuação cinematográfica. Ele apenas virá subitamente. O texto de Lucas 17.20-37 é uma exortação à nossa vigilância. Jesus evoca os dias de Noé e Ló para reafirmar que a maioria das pessoas do nosso tempo também deixarão de crer, pois não atentarão para os sinais.
As imagens que Lucas nos apresenta da vinda do Rei do reino nos remetem ao entendimento de que haverá uma interrupção da nossa normalidade. Rotinas serão atingidas em cheio e o que chamamos de “normal” será definitivamente um “novo normal”. O reino de Deus se estabelecerá em um contexto de oposição ao Rei Jesus.
O que as crianças precisavam para receberem a bênção de Jesus? Nada. Bastava se aproximarem. E por que o jovem rico não conseguiu ser abençoado (18.18-30)? Porque ele era possuído por riquezas. A riqueza brutalizou o “jovem rico”. Ele não aceitou a proposta de
Jesus de vender o que tinha e dar aos pobres. Já se perguntou por que Jesus pediu que ele vendesse as suas posses? Porque elas estavam controlando a vida dele, e não Deus.
Quer aprender a valorizar o “ser” em vez do “ter”? Em outras palavras, a ser mais como uma criança, e menos que um “jovem rico?” Pratique a disciplina da oração.
A oração expõe suas necessidades diante de Deus. Ela é a atitude de quem pede, como o “cego em Jericó” que pediu a Jesus, “o Filho de Davi, tenha misericórdia” (18.35-43). Só pode receber misericórdia quem permite que Jesus entre em sua própria miséria pessoal. É o sentido literal da palavra “misericórdia”, a saber, “ter o coração na miséria do outro”.
A humildade nos conecta com Jesus, e potencializa a nossa fé Nele. Não estamos sacralizando a pobreza de forma alguma. Homens de Deus no passado serviram ao Senhor sendo ricos. Mas, quem coloca o seu coração na riqueza não pode, absolutamente, seguir o Senhor Jesus. Você pode possuir riquezas, mas elas não lhe podem possuir.
O Evangelho de Jesus é uma proposta de despojamento natural de todas as distrações que lhe embaçam a visão do reino de Deus.
Responda para si mesmo com toda a honestidade: Onde está seu coração? Jesus é tudo para você?
Ser ou ter, eis a questão.
Catarina Damasceno – Equipe de Estudos e Resumos.