Lamentações e Esperança
(Lamentações 1-5)
“A bondade do Senhor é a razão de não sermos consumidos, as suas misericórdias não
têm fim; renovam-se a cada manhã. Grande é a tua fidelidade.” (Lamentações 3:22,23)
Introdução. O Livro de Lamentações que em nossas Bíblias modernas segue ao de
Jeremias, é composto de cinco poemas ordenados de forma alfabética na sua língua
original. O seu autor, provavelmente o próprio profeta Jeremias, escreveu esses versos num
estilo poético de canto fúnebre enquanto contemplava a destruição de Jerusalém no sexto
século a.C., mas também lembrando-se de como havia sido aquela cidade e das causas
que levaram à ruína. Porém, mais que apenas uma sequência de lamúrias, choro e dor, o
texto bíblico apresenta um modelo de devoção que reconhece as causas das desgraças e
confia na esperança de um Deus sempre presente junto aos que lhe apresentam seu
lamento.
Castigo e Sofrimento. O livro de Lamentações se abre com uma dura constatação: “Como
está solitária a cidade que era tão populosa! A que era grande entre as nações tornou-se
como viúva! […]” (1:1). Aquela que um dia tinha sido bela e brilhante como uma princesa
agora chorava inconsolavelmente. Foi diante de tanta dor que o lamento se conduziu a
busca que desse sentido a seu sofrimento e profundidade a sua relação com seu Senhor.
As tragédias da vida nunca podem impedir ou sequer ofuscar a vida com Deus. A razão
daquele estado de calamidade era uma só: a queda e o cativeiro aconteceram (1:5,8).
Tristeza Profunda. Por qualquer lado que olhasse, a situação era desesperadora e o
profeta reconheceu que ele era “[…] o homem que viu a aflição causada pela vara do seu
furor” (3:1). Constatar que todo o povo andava gemendo procurando até o que comer (1:11)
e que “a língua do que mama fica presa ao céu da boca, de tanta sede; as crianças pedem
pão, e ninguém lhes dá” (4:4) o levou, inclusive, a lamentar (v.9). Só lhe restava uma alma
cheia de amargura (3:15) e sentir que suas próprias forças haviam se esgotado (v.18). Com
uma tristeza profunda assim, as suas noites ainda lhe eram mais dolorosas com choro de
amargura e lágrimas sempre a correr pelo rosto (1:2). Então, a lamentação se tornou mais
profunda quando até Deus pareceu se distanciar, ao pertencer que já “[…] não há lei, nem
os seus profetas recebem visão alguma da parte da parte do SENHOR” (2:9). São em
situações como essas, em que a alegria do coração acaba e a dança se converte em
lamento (5:15) e quando já não há quem nos console (1:21), e que o lamento deve ser o
mais sincero, pois ali o Senhor também vai se manifestar.
O Senhor é justo. Aqui se apresentou o grande desafio daquela situação de sofrimento.
Como transformar a dor e o lamento numa experiência e vivência que aproximassem o
profeta do seu Senhor? Depois de reconhecer que a causa do sofrimento era o castigo
divino por causa do pecado do povo e que os seus líderes espirituais tinham se desviado do
caminho e dos mandamentos do Senhor, o profeta fez seu o clamor da cidade.
Conclusão. Mais que um canto de choro e dor, tristezas e sofrimentos, a voz poética que
pode ser lida no livro de Lamentações é a certeza do clamor que se converte em esperança
quando apresentado ao Senhor. A causa primeira da queda e exílio de Jerusalém era o
castigo provocado pelo pecado nacional do povo e de seus líderes, e isso trazia uma
tristeza profunda. Mas, a certeza de que o Senhor é justo sempre haverá de trazer
esperança para os que nele confiam.
Marcia Pinheiro – Equipe de Estudos e Resumos