O Chamado Para Uma Difícil Obra
(Ezequiel 1-10)

“Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; da minha boca ouvirás a

palavra e os avisarás da minha parte.”

(Ezequiel 3.17)

Apesar do livro das profecias de Ezequiel se apresentar com um tom bem pessoal
(geralmente, em primeira pessoa), muito pouco é dito sobre a vida do próprio profeta.
Observe que, em geral, a referência a ele é feita por meio da expressão genérica: “Filho do
homem”. Isto pode nos indicar que o mais importante não deve ser o profeta e seus
detalhes íntimos, mas, sim, a mensagem do Senhor da qual ele é apenas o porta-voz.
É sabido que Ezequiel nasceu sacerdote, da linhagem sacerdotal, e que se preparou para
ser sacerdote. Mas, com o exílio para a Babilônia e a interrupção do sistema de culto no
templo, o Senhor reservou para Ezequiel um outro ministério, o Senhor o fez profeta (2.4).
Não mais apenas um homem da instituição e, sim, alguém cujo Espírito do Senhor o
possuía (2.2) e que tinha a incubência da mensagem viva. Os dois ministérios, não
deveriam ser antagônicos ou concorrentes. O mesmo Deus que instituiu o sacerdócio é o
Senhor que convoca seus profetas. Ezequiel soube unir as duas tarefas.
Ezequiel foi um profeta do seu tempo. Ele falou e exerceu seu ministério tendo em vista a
situação real dos exilados judeus. Demonstrou isso tendo o cuidado de citar as datas e
locais em que cada nova dimensão da profecia lhe era confiada.
Naquela situação, a sensação entre o povo levado de Jerusalém era de que Deus os havia
abandonado. Ezequiel também se sentia amargurado (3.14). Era preciso que o próprio
Senhor interviesse para mudar a situação e o ânimo do povo (1.3). Foi, então, que o Senhor
apresentou ao profeta sua primeira visão (1.1). Se o sentimento era de abandono, o Senhor
estava mostrando que Ele próprio, em toda a sua glória, apesar da aparente derrota, estava
ali com o seu povo.
Na visão e convicção estava a base da profecia de Ezequiel (1.4): o povo cativo não estava
abandonado nem esquecido, não havia dúvida alguma: a glória do Senhor estava ali (3.23).
A visão da glória de Deus, porém, não é algo apenas para ser contemplada, como se o
Senhor estivesse somente querendo se mostrar. Deus acompanhou o povo em seu
sofrimento e se dispôs a intervir na situação.
Ezequiel foi desafiado a tomar uma posição. Mas, somente uma atitude não seria suficiente
para o profeta se tornar apto para a difícil obra que o Senhor o estava chamando. Para

habilitá-lo, o Espírito entrou nele e o pôs de pé (2.2). O Deus que fala e vocaciona é
também o mesmo que capacita, (guarde essa palavra).
Na figura da atalaia estava demonstrada a missão e tarefa do profeta de Deus. Assim, de
certo modo, a vida de todos dependia da prontidão, percepção e anúncio da atalaia. Para
isso, o Senhor estava posicionando Ezequiel. Deus daria a advertência ao perigo iminente
e ele, como atalaia, deveria dar o alerta para que o povo se preparasse para o que estava
por acontecer.
Deus tinha interesse em preservar a vida do povo, então, Ezequiel foi enviado para
proclamar (3.18). Diante da palavra do profeta-atalaia, era então exigido que, ao ouvir, uma
atitude fosse tomada. O ímpio deveria se converter do seu mau caminho (3.19) e o justo
não se desviar nem pecar para viver (v.12).
O chamado de Ezequiel tinha um senso de urgência. Nesse tempo era necessário que o
povo se apercebesse que “[…] o fim está chegando; sim, está chegando […]” (7.5,6). Se a
função da atalaia era alertar para um perigo que estava por vir, Ezequiel tinha a difícil tarefa
de anunciar que o dia chegou (7.12) e que já tocaram a trombeta para iniciar a batalha.
O fim próximo estava por trazer uma calamidade em que o povo haveria de buscar uma
visão do profeta; mas a lei do sacerdote pereceria, assim como o conselho dos anciãos
(7.26).
Conclusão: Como naquele tempo, ainda hoje, a intenção de Deus continua sendo que seus
atalaias alertem o povo da sentença e do perigo urgente que pode acontecer a eles devido
aos pecados e impiedade de suas atitudes.
Catarina Damasceno – Equipe de Estudos e Resumos.00

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