Pr. João Soares da Fonseca

Audio Pastoral

Numa comunidade de pescadores, alguns se reuniram para a formação de um clube ao qual deram o nome óbvio de “Clube dos Pescadores”. O lugarejo onde viviam era banhado por vários rios nos quais havia comprovada variedade de peixe.
Toda semana, os pescadores se reuniam nas confortáveis dependências do clube para discutir temas ligados à pesca. Todo ano, havia um encontro dos clubes de pescadores de outras regiões. Era uma festa. Todos falavam da grande quantidade de peixes que havia nos rios, realizavam oficinas de discussão com painelistas internacionais, debatendo métodos apropriados para pescar. Alguns pescadores integravam o grupo de pesquisas: queriam descobrir métodos melhores para a captura de peixes.
O clube foi se tornando cada vez mais conhecido porque promovia dispendiosas conferências nacionais e internacionais, ocasião em que se discutiam exaustivamente noções de haliêutica, a arte de pescar. Além disso, contratava oradores de renome para falar das vantagens da pescaria.
Um pescador propôs a criação de bolsas de estudos, que seriam distribuídas a jovens de futuro promissor na área da pesca. Criaram-se cursos que ensinavam os pequenos pescadores a identificar cada tipo de peixe, onde encontrá-los e como atraí-los. Os cursos eram dados por competentes autoridades na arte da pesca, alguns até com pós-doutorado. O domínio da técnica, sentenciavam eles, era muito importante.
O clube dos pescadores foi ficando famoso, chegando mesmo a enviar professores de pesca a outras comunidades.
Uma coisa estranha, no entanto, estava acontecendo: ninguém no clube dos pescadores saía para pescar. Todos conheciam as leis da pesca, sabiam os nomes e os hábitos dos peixes, mas ninguém pescava. O clube dispunha agora de uma bela sede, com salas amplas e confortáveis, com os melhores recursos de multimídia. Os turistas vinham de longe conhecer e fotografar a bela sede do clube, mas ninguém pescava nada.

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