Pr. João Soares da Fonseca
Era uma vez um jovem rebelde e imaturo, que um dia abordou o pai e exigiu a sua herança (Lucas 15.11-24). Nessa história, tudo começou errado, porque a herança só é dividida depois que os pais morrem, ou por iniciativa deles. Pois o jovem teve a petulância de exigir a herança ao pai ainda vivo. Mesmo contra o seu coração, o pai atendeu-lhe a demanda.
Sem dizer “obrigado”, o jovem reuniu tudo o que herdou e orgulhoso foi para muito longe; queria distância do pai.
Lá, longe dos olhos do pai, distante da disciplina do amor paterno, contraiu estranhas amizades. Era ele quem financiava a beberronia dos bares. Certamente em grandes gargalhadas os amigos se divertiam com esse estrangeiro “tão bonzinho”. Um dia, porém, o dinheiro secou. Os amigos sumiram. As gargalhadas desapareceram. E ele foi patinar na miséria. Só não foi pior porque alguém, por piedade, lhe deu o subemprego de cuidar de porcos. E a Bíblia diz que ele tinha inveja da comida dos porcos e disputava com eles a sua alimentação. Até que um dia, finalmente humilhado, emagrecido, faminto, sedento, andrajoso, resolveu retornar à casa do pai, mas para pedir um emprego decente, lembrando-se que os empregados do pai estavam em melhor condição que ele.
Ao chegar a casa, foi recebido pelo pai com uma festa rara. O pai lhe deu o abraço do perdão. Fez isso porque nunca, em momento algum, deixou de amar o seu filho.
Jesus contou esta história, que desde sempre tem sido recontada no mundo inteiro, para mostrar que existe, sim, um amor que não se altera com as circunstâncias e que para sempre permanecerá o mesmo. Por isso Paulo pôde cantar com os romanos: “Pois tenho certeza de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem autoridades celestiais, nem coisas do presente nem do futuro, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 8.38-39, A21).