Pr. João Soares da Fonseca
Quem Chegar por Último Vence
Existe na Índia uma curiosa corrida de bicicleta. Curiosa porque o objetivo da corrida não é ver quem chega primeiro. É justamente o contrário. Imagine uma disputa em que quem chega por último ganha. É assim: ao ouvir o tiro de partida, todos começam a pedalar. Mas, como o alvo não é chegar em primeiro lugar, todos ficam dando o mínimo de pedalada, apenas o necessário para se equilibrar. Quem puser o pé no chão perde. Então os participantes ficam ali, tentando não cair. Quem ficar o mais próximo possível da linha de largada é que vence.
Essa “corrida”, – melhor seria dizer apenas “competição” – bem ilustra os desafios que o cristão enfrenta no seu itinerário espiritual. Até porque, há muita gente torcendo para que você se estatele no chão.
Quando Jesus viu Pedro tentando se equilibrar, advertiu-o, dizendo que Satanás estava querendo atacá-lo e aos demais discípulos: “Simão, Simão, Satanás vos pediu para peneirá-los como trigo” (Lucas 22.31).
O aviso de Jesus lança luzes sobre um assunto que tem tudo a ver com o nosso cotidiano: a tentação. Dela nenhum cristão está livre.
Pedro era novato na fé, ensaiando os primeiros passos, incertos e titubeantes, na longa e acidentada trilha da caminhada com Cristo. Jesus o adverte: “Simão, Simão”. Jesus usou o velho nome de Pedro. Quando conheceu Simão, Jesus mudou-lhe o nome para “Cefas (que quer dizer Pedro)” (João 1.42). Talvez com isso Jesus quisesse lembrar a Pedro que ele ainda não estava livre da velha natureza. Ao usar o verbo “peneirar”, Jesus insinuava ainda haver muita palha na religiosidade de Pedro. Pedro é pura emoção, e a espiritualidade emocionalista não vai muito longe. Não que Jesus desprezasse a emoção, mas é que Ele queria que Pedro subisse desse nível inferior de adesão emocional para o nível do compromisso constante. Por isso, orou por Pedro (Lucas 22.32), como ora por nós até hoje (Hb 7.25).