Pr. João Soares da Fonseca
Enorme injustiça se cometeu junto ao castelo de Vilvoorde, perto de Bruxelas, na Bélgica. Um senhor inglês, de 42 anos, depois de preso por um ano, foi executado por estrangulamento. Em seguida, seu corpo foi lançado numa fogueira. Era o dia 6 de outubro de 1536.
Que terá feito William Tyndale para ser vítima de tanto ódio?
Tudo começou quando o jovem intelectual conheceu a edição grega do Novo Testamento, que o humanista cristão holandês Erasmo de Rotterdã publicou em 1516. Foi dessa leitura que Tyndale se rendeu a Cristo como Senhor de sua vida. E, como acontece com todo aquele a quem Cristo salva, Tyndale também amou a Palavra de Deus; e o fez ao ponto de resolver traduzi-la para a sua língua materna: “Se Deus me der vida, antes que passem muitos anos, farei que o rapaz que trabalha no arado conheça mais das Escrituras do que muitos clérigos”.
Concluída a tradução do Novo Testamento, publicou-a em 1526 na Alemanha. Logo, o livro foi contrabandeado para a Inglaterra. Muitas pessoas desfaziam-se de bens valiosos para obterem uma cópia.
A obra de Tyndale recebeu imediata condenação na Inglaterra. Uma grande fogueira se acendeu em praça pública, e o autor declarado herege pela Igreja Anglicana. Mesmo assim, o livro era procurado, lido à noite à luz de vela. O “herege” procurado se refugiou no continente europeu, mas teria sido traído, daí preso e executado.
Em 2002, a rede de televisão britânica BBC fez uma pesquisa em que se apontavam os 100 maiores ingleses de todos os tempos. Tyndale estava entre eles; era o de número 26.
Seu amor à Palavra o fez conhecido como “o pai da Bíblia inglesa”. Estima-se que a famosa tradução inglesa King James, que viria a lume em 1611, e é até hoje considerada “a” tradução da Bíblia, tenha aproveitado muito da tradução de Tyndale: 76% do Antigo Testamento e 83% do Novo.
Será que amamos tanto a Palavra ao ponto de darmos a vida por ela se necessário?