Pr. João Soares da Fonseca

Ar Livre

Um senhor italiano, de 93 anos, contraiu o coronavírus. Foi internado, recebeu o tratamento adequado, ficou algum tempo no respirador e… melhorou. Ao receber alta, disseram-lhe que teria que pagar pelo uso de apenas um dia no respirador. O idoso começou a chorar. Correram a confortá-lo, dizendo que a conta não era tão alta. E ele explicou:

“Não estou chorando pelo dinheiro. Eu posso pagar os 500 euros pela diária de um respirador. Estou chorando porque há 93 anos que estou usando o ar que Deus me dá; e eu nunca tive que pagar por isso. Você sabe quanto eu devo a Deus por isso? E eu nunca parei para agradecer a Ele por isso”.

Esse invisível embaixador da morte chamado coronavírus veio nos recordar que o presente da vida não tem preço. Se o uso diário de um respirador custa 500 euros, quantos euros serão necessários pelos 33.945 dias de alguém com 93 anos? A 500 por dia, a conta passa de 17 milhões de euros, ou seja, mais de 85 milhões de reais. Quem poderia pagar dívida tão estratosférica?

Em seu livro, Só dói quando eu rio, Ethel Barret conta de uma professora em Los Angeles que gostava de provocar curiosidade e reflexão nos alunos, escrevendo uma palavra ou frases ou números no quadro, sem que tivessem qualquer relação com a aula. Um dia, ela escreveu no quadro: 25.550. Curiosos, os alunos quiseram saber do que se tratava. Ela respondeu que aquele era o número de dias que uma pessoa vivia, se completasse 70 anos.

Em 1976, o publicitário gaúcho Hermes Aquino (1949- ) compôs “Nuvem Passageira”, que foi tema de novela e se tornou um enorme sucesso daquele ano. A primeira estrofe diz:

Eu sou nuvem passageira

Que com o vento se vai

Eu sou como o cristal bonito

Que se quebra quando cai.

Precisamos abandonar a corrida insana pelo acúmulo de bens, viver com simplicidade, e degustar com calma cada minuto que o Senhor colocar à nossa disposição. Que neste novo ano sejamos mais agradecidos que pedintes!

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