Pr. João Soares da Fonseca
A Maior de Todas as Guerras
A franqueza de Paulo nos surpreende: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; pois o querer o bem está em mim, mas não o realizá-lo” (Romanos 7.18). Era o mesmo dilema de Ovídio (43 a.C.-17 ou 18 d.C.), poeta latino, que confessou: “Vejo o que é melhor, mas sigo o pior”.
Faço coisas que eu não quero fazer; desejo coisas que eu não deveria desejar. Dentro de mim, o ideal e o real se desentendem. E não é mero bate-boca de vizinho por cima da cerca; é luta encarniçada. Os dois se atracam e rolam pelo chão. A carne quer arrancar os cabelos do espírito… É cena feia de se ver, de tão selvagem. Quem vencerá?
Morava no Polo Sul e tinha dois cachorros: um branco e um preto. Os cachorros eram daquela raça que consegue sobreviver no frio. Sempre que chegava o verão, quando era possível sair de casa e fazer caminhadas mais extensas, o homem levava os dois cachorros até um pequeno vilarejo, local onde tinha maior concentração de pessoas e colocava os dois cachorros para brigar. As pessoas apostavam qual deles ia ganhar a luta. O dono dos cachorros também apostava. Apostava e sempre ganhava. Ganhava muito dinheiro nas lutas dos animais. Perguntaram, certa vez, a ele: “Como você sabe qual cachorro vai ganhar? Quando você aposta no preto ele ganha; quando você aposta no branco ele ganha. Como você sabe qual cachorro vai ganhar?”
O dono dos animais respondeu: “Muito fácil. Eu sou o dono dos cachorros. Quando eu quero que o branco vença, dou pouco alimento para o preto. Quando quero que o preto vença dou pouco alimento para o cachorro branco. Então sempre sei qual cachorro vai ganhar. Em resumo, eu alimento aquele que eu quero que vença”.
Quando queremos que a carne ganhe a luta contra o espírito, não damos alimento para o espírito. Quando queremos que o espírito ganhe a luta, não damos alimento para a carne. Você tem alimentado a carne ou o espírito?