Pr. João Soares da Fonseca

Opção Macabra

Ninguém gerava mais arrepio que Alfred Hitchcock (1899-1980). Em 1990, vi o filme “Fuga final” (1985) e estou assustado até hoje. Contava a seguinte história:

A prisioneira Lena Trent foi condenada a prisão perpétua por ter assassinado o marido. Lena negava o crime, mas não convenceu ninguém. Daí, começou a planejar sua fuga. Tentou alguns truques, mas em vão.

Um dia, fez amizade com o médico do presídio que, entre outras funções, liberava os corpos dos prisioneiros falecidos para o sepultamento. O médico sofria de um grave problema de vista, e só uma cirurgia caríssima poderia salvá-lo da cegueira absoluta. Faltava-lhe, porém, o dinheiro. Ciente disso, a prisioneira esperta propôs:

― Ajude-me a fugir, e eu pagarei a sua cirurgia.

Seria a liberdade em troca da visão. O plano consistia em substituir o próximo morto pela senhora viva. Ela seria enterrada viva, mas assim que os coveiros fossem embora, o médico já teria providenciado tudo para resgatá-la da sepultura. O médico ponderou que seria extremamente arriscado ficar num caixão fechado. Ela argumenta que é possível resistir até duas horas numa situação assim. O pobre médico aceita finalmente a proposta.

Na cena seguinte, os coveiros enterram o caixão normalmente. O caixão é espaçoso. Lena, viva lá embaixo, comemora: Que ideia genial! E sorri, dizendo-se: “Daqui a pouco o doutor vem”.

Passa algum tempo. Ela se impacienta e começa a sentir o suor daquele ambiente fechado de todo. E já não ri: “Doutor, doutor, venha logo”.

Então a história assume o contorno de um filme verdadeiramente hitchcockiano. O desespero está em sua face agora molhada de suor. Ela acende um fósforo. Passeia a pequenina chama de um lado para o outro. A câmera se aproxima de seus olhos, que ela arregala desgraçadamente. Do fundo de sua alma um grito pavoroso. A seu lado, morto, está… o médico.

Tentar se salvar sem Jesus é investir num projeto fadado a falir.

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