Pr. João Soares da Fonseca
Os Dois Lobos
Segundo alguns, a história que vou contar pertence ao acervo narrativo dos cheroquis, grande grupo indígena norte-americano, uma das chamadas “cinco tribos civilizadas”. Segundo outros, seria um conto finlandês. Enquanto não localizamos a fonte, observemos o conteúdo.
Certa vez, um avô estava conversando com seu neto sobre como se sentia. O velho tentava explicar: “Sinto como se eu tivesse dois lobos lutando dentro de mim. Um lobo é malvado, vingativo e violento. O outro lobo é amoroso e cheio de compaixão”.
Então o neto perguntou a ele:
– Qual lobo o senhor acha que vai ganhar a luta em seu coração?
O avô respondeu:
– Aquele que eu alimentar.
A mais importante batalha da vida se trava realmente no interior de cada um de nós. Somos diariamente confrontados com os dois lobos que se enfrentam no ringue de nossas almas. São as duas vocações que trazemos no peito: uma para o bem, outra para o mal. Uma que deseja a verdade, outra que se contenta com a mentira. Os gregos diriam que uma é apolínea, enquanto a outra é dionisíaca.
O apóstolo Paulo reconheceu a presença desses dois lobos ao confessar: “Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne. Eles se opõem um ao outro, de modo que não conseguis fazer o que quereis” (Gálatas 5.17). A carne, ou seja, nossa natureza pecaminosa, produz cada coisa! Mas o Espírito produz o seu fruto (Gálatas 5.19-23). Enquanto o lobo do pecado produz ódio, violência, imoralidade e morte, o lobo do Espírito produz amor, paz, pureza e vida.
O escritor baiano João Ubaldo Ribeiro (1941-2014) disse numa entrevista à revista Veja, certa vez, que dentro dele moram dois Ubaldos: Um Ubaldo Pequeno e o Grande Ubaldo. A nós nos cabe fortalecer o bom lobo.
Ao alimentarmos o bem em nós, provaremos que somos do Senhor, como esclareceu João: “Amado, não imites o mal, mas sim o bem. Quem faz o bem é de Deus, mas quem faz o mal não viu a Deus.” (3João 1.11).