O Evangelho em outras Paragens

(Marcos 7)

“Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.”

(Marcos 7.6,7)

Muitos se sentem incomodados com o estilo de vida proposto por Jesus. Esses, de todas as maneiras buscam subterfúgios em temas periféricos para criticar e não seguir o Mestre. Um exemplo são suas críticas sobre a falta de ritos que, em detrimento a busca de ser parecido com Cristo, deflagra para eles, os ritos e tradições serem mais relevantes que a revelação viva de Deus para os homens. O rito religioso jamais deve substituir a vida submissa e rendida ao senhorio de Cristo. Os estereótipos, performances e símbolos têm seu lugar, mas não como critérios fundamentais de santificação e vida com Deus.

A predisposição daqueles religiosos em resistir, contra-argumentar o ministério de Jesus era notória. A pregação do evangelho confrontava e incomodava aqueles obstinados e cegos pela religiosidade. Os fariseus e escribas fizeram do meio (ritos e tradições) um fim em si mesmo. Samuel também já fez essa advertência (1Sm 15.22).

O evangelho tem um estilo próprio, os súditos são conduzidos por princípios inerentes ao Rei. As palavras do profeta Isaías (Mc 7.6), citadas por Jesus, relativas às atitudes das pessoas do seu próprio tempo, também se aplicavam aos judeus do tempo Dele e a nós também. A performance, a técnica, os detalhes das luzes, vitrais ou detalhes das toalhas, têm seu devido lugar, mas jamais substituirá a presença divina, por mais valiosos ou sofisticados que sejam.

Os religiosos, entorpecidos pelas tradições, tentavam a todo custo manipular a Palavra de Deus. Os corações ingratos e insensíveis usavam uma tradição para se eximir de cuidar dos velhos pais, como no caso da tradição do corbã. Ela era usada para descrever algo que estava exclusivamente dedicado a Deus, que já estava posto sobre o altar, porém, a pessoa ainda poderia usufruir do bem, ter a posse. Então se um pai ou uma mãe necessitasse de ajuda, usava-se a desculpa de não ter nada em seu favor, pois estava dedicado a Deus. Convertia-se o voto em uma desculpa ou uma razão para não ajudar a um pai em necessidade. Lamentavelmente um ímpio subterfúgio, sob uma aparência de sagrado violava o quinto mandamento de Deus: honrar pai e mãe.

Um dos grandes pilares da Reforma Protestante é “Sola Escriptura”, ou seja, a Palavra de Deus é nossa única regra de fé e prática. Esse pilar tem sido substituído hoje por preceitos e desejos de homens. A Palavra de Deus não pode ser vista como um mero detalhe, por isso, não deve moldar-se à tendência do pervertido coração da sociedade moderna.

Jesus declara:” […] pois a boca fala do que está cheio o coração” (Lc 6.45). Muitos se consideravam puros por não ingerir de maneira impura (mão sem lavar ou comidas consideradas impuras), todavia, seus corações fabricavam as mais sórdidas ações e atitudes imundas. Hoje, muitos não “bebem”, nem “fumam”, não “jogam” e se sentem imaculados por isso, mas o coração é completamente tomado pelo ódio, rancor, amargura, mentira, soberba e malícia. Jesus quebra um grande paradigma de onde procedem as imundícies. O que se entra pela boca é digerido e eliminado, mas o que é gerado pelo coração se impregna em toda a vida. Apenas a graça do Senhor para digerir e eliminar as toxinas da vida. Jesus põe o dedo na ferida e afirma que o que torna um ser humano imundo é a intenção do seu coração (v.20-23). Muitos estão tão enclausurados em suas práticas, tradições religiosas, que não ouvem as verdades de Deus para sua vida. Jesus afirma: “Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça” (v.16).

O mundo perverso tem contribuído para o aumento do número de mães aflitas por seus filhos e filhas. Jesus ao atender a oração de uma mãe aflita, nos ensina que a aflição dela a leva:

A ter um encontro com o Senhor (v.24,25); A quedar-se diante do Senhor (v. 25); A superar limites e dificuldades (v.25-27); A ser exemplo de fé, submissão e humildade (v.27-29); A ter dupla bênção (v.30).

Trouxeram um homem surdo e gago. Não há um milagre como este que mostre tão belamente a maneira como Jesus tratava as pessoas. Um verdadeiro evangelho da inclusão. Nossa vida deve promover esse espanto nas pessoas, pois Jesus nos tocou, fez o maior de todos os milagres: nos fez ouvir sua voz e pôs uma mensagem em nossa boca, somos cidadãos /súditos do céu.

Que belo desfecho Marcos dá nessa perícope:” Ele faz bem todas as coisas” (v.37).

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